29 março 2019


PERIFERIA

A maioria dos brasileiros reside em bairros que têm o mesmo nome, independentemente de qual seja seu Município ou Unidade da Federação. Oficialmente, o bairro pode ser chamado de Cidade Nova, Japeri, Pedrinhas, Quarenta Horas ou São Miguel Paulista. Não importa. O bairro da maioria dos brasileiros é Periferia, que, em minha cidade, chamam de Entorno.
Lá, os cidadãos acordam antes do raiar do Sol, equilibram-se em transportes públicos precários e de tarifas com preços não condizentes com a lentidão, nem com o desconforto veicular. Os tempos das “viagens” aos locais de trabalho são medidos em horas, cujos trajetos são percorridos em pé, na maior parte das ocasiões.
Enquanto estão trabalhando, suas residências ficam fechadas, sujeitas a furtos, ou com a numerosa prole, onde os mais velhos ajudam a criar os mais novos, flertando com a via pública e seus perigos, um espaço comum monitorados pelas vizinhas que se revezam para fiscalizar os logradouros, que se transformam em creches, clubes, espaço comunitário, quadra de esportes etc. Tudo o que falta na Periferia.
Após jornadas exaustivas, ao chegar a casa, que praticamente é apenas dormitório, os moradores da Periferia reúnem-se nos templos, enquanto os mais jovens vão às escolas públicas, que são convertidas em clubes, locais de namoro, pontos de encontro, rodas de consumo de bebidas alcoólicas e drogas. Poucos realmente vão para estudar.
A quase ausência do Poder Público contrasta com o real valor da Periferia, porque seus moradores são os cidadãos que geram e sustentam a economia da cidade, que se esquece dela ou pouco por ela faz.
Ao longo dos anos, minimamente, a Periferia tem melhorado. Já há centros de compras, faculdades, clínicas e hospitais particulares, todavia algo continua a piorar, condenando a maioria dos brasileiros a ter qualidade de vida inferior à participação deles no Produto Interno Bruto (PIB): a violência urbana. Todos com quem conversei ultimamente foram coincidentes neste ponto: não está mais sendo possível conviver com os atuais índices de violência, Não se importam em viver na Periferia, contudo exigirão iniciativas imediatas, eficazes e fornecedoras de segurança pública.
                                                                       
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